segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Que mundo é este?



Costumo dizer que só devemos gravar aquilo que é importante em nosso “HD interno”. Já o que não for relevante, não merece ocupar espaço na “cachola”, eis que cultura inútil não gera prosperidade ou uma sociedade mais digna. Mas vejam só: estou terrivelmente enganado, pois preconceito agora é comprovado científico.

Um estudo feito por psicólogos da Universidade de Yale (EUA) aponta que jurados homens em um tribunal são mais propensos a condenar uma mulher se ela estiver acima do peso, ou seja, se ela for “gordinha” ou gorda, está ferrada por puro preconceito. O artigo intitulado “A influência do peso do réu na percepção de culpa”, foi publicado na edição online da revista científica “International Journal of Obesity” deste mês, deixa claro que as mulheres gordinhas estão na mira de fogo dos jurados, unicamente por estarem acima do peso.

A pesquisa revela ainda que os jurados do sexo masculino são mais suscetíveis a acreditar que uma mulher com sobrepeso ou obesa é reincidente e mal-intencionada. É de rir para não chorar. O trabalho ainda destaca que o resultado sinaliza a necessidade de uma maior conscientização sobre a escolha dos jurados, justamente para evitar este tipo de situação.
É triste, mas nenhuma de novidade. Preconceito existe e sempre existirá enquanto o mundo for mundo. Mais um motivo para a mulherada ir “puxar um ferro” na academia, pois as gordinhas, além de tudo, agora são vistas como mal-intencionadas e criminosas. Que mundo é este?

Dia de domingo



Manhã de domingo
Pai, Mãe e Espírito Santo
De joelhos a rezar
Almas limpas, pecados confessos
A fartura é condenada
A miséria é lembrada
Nos damos as mãos
Afinal, somos todos irmãos
Ó Senhor rogai por nós.
A porta do templo
O homem deitado
As moscas à sua volta
Pai, Mãe e Espírito santo
Olham, mas não o querem ver
Cheira mal
Esse vagabundo imundo
Ó Senhor, rogai por nós.
A porta do restaurante
O menino estende a mão
-um troquinho para o pão
Pai, Mãe e Espírito Santo
Viram-lhe as costas
Quase todas as mesas ocupadas
E esse desocupado a incomodar

Ó Senhor, rogai por nós
Noite de domingo
Televisão no ar
Pai, Mãe e Espírito Santo
Comentam estarrecidos
Por que essa violência, miséria
As crianças morrendo de fome
Onde está a irmandade?
A solidariedade?
Ainda bem, que amanhã
Começa a
Campanha da fraternidade
Ó Senhor, tenha piedade de nós.

Neste momento em que a humanidade celebra o início de um novo ano, apresento para reflexão o poema do santiaguense Rogério Madrid. É janeiro, mês de começar a cumprir as promessas de uma nova vida e de preferência que seja no dia de domingo....

Amigo...



Amigo: sinônimo de companheiro, protetor, ligado a outrem por laços de amizade. Amizade: sentimento fiel de afeição, apreço, estima ou ternura entre pessoas. Estranhos são os caminhos que norteiam as relações humanas, mas quem tem um amigo, tem tudo. A todos aqueles que têm amigos, digo sem medo de errar: já conquistaram um dos maiores presentes que a vida pode dar. Ergo as mãos para o céu e agradeço todos os dias por ter tido a oportunidade de conquistar amigos. Quando digo amigos também falo das amigas, que valem ouro. Contudo, hoje, registro os inúmeros amigos e amigas que fiz apenas na cidade de Nova Esperança.

Pessoas que levarei comigo para o resto da vida em minhas lembranças e no coração. Não posso citar todas, pois cometeria injustiça. Portanto, apenas quero que saibam que com cada um de vocês aprendi muito e pouco pude contribuir em processos produtivos de melhoramento ou engrandecimento da municipalidade. Aliás, os nova-esperancenses são muito hospitaleiros, trabalhadores e respeitosos, como todo bom gaúcho.

Por caminhos do destino, deixo de participar rotineiramente da vida da cidade, mas fica aqui meu reconhecimento. Queria poder abraçar e agradecer a cada um dos amigos da Prefeitura e da Câmara de Vereadores, mas como é impossível, apenas saibam que onde quer que eu esteja lá vocês terão a fortaleza do coração de um amigo...
 

Nova era...



E agora José? O mundo não acabou. Assim como no ano 2000 o alarme era falso. Embora saibamos que tudo que nasce um dia morre, não foi dessa vez que a Terra foi engolida pelo fogo ou afogada pelos seus próprios mares. O dia nasceu normalmente no sábado passado.

Agora, podemos pensar por outro lado, enxergar o que ninguém viu. Tomara que tenha terminado o tempo da arrogância, da ignorância, da enganação, da mentira, da falta de caráter e, principalmente, dos safados sem vergonhas que enganam o povo ou seu próximo.

Que nasça um tempo de esperança onde as pessoas sejam mais solidárias e justas, que se preocupem com o amanhã, cuidem mais de suas vidas e valorizem as coisas importantes, como a convivência, um beijo, um abraço, um afago ou uma palavra verdadeira.

Está certo que nem tudo são flores na vida. Todos querem seu lugar ao sol. Mas não precisamos pisar, humilhar, usar ou subjulgar ninguém. Já disse Renato Russo: o sol nasce para todos, só não sabe quem não quer.

Então, que todos nós saibamos tirar o melhor do falso final do mundo. Que 2013 seja o ano do renascimento para vida, despertar da consciência, bondade e amor. Nunca é tarde para começar a fazer o bem. Assim, aproveite o final de ano para recarregar as baterias e reavivar seu senso humanitário. Que o novo ano seja o nascer de uma nova era...

Nomes...



Tenho observado que é cada vez mais expressivo o número de gente que se importa com os rumos do planeta e da humanidade. Maravilha, isso é espetacular e quase sem precedentes!

As pessoas começaram a perceber que qualquer um pode provocar mudanças e, que não é preciso ter um dom especial. Basta o desejo, a vontade e a ação. É legal ver que muitos iniciaram a abdicar da crença de que não são os governos os únicos responsáveis para solucionar os problemas.

A cineasta Maura Mourão, no longa-metragem “Quem se importa”, apresenta um olhar curioso e diferente sobre os destinos dos problemas coletivos, procure ver o filme.

O desejo de contribuir para a evolução das relações humanas, econômicas e ambientais tem mobilizado o cidadão comum de comunidades bem diferenciadas, seja no pobre continente africano espoliado, na Europa em crise ou no desenvolvido e organizado Canadá, e, também aqui, na nossa querência.

Fiz uma boa lista desses seres transformadores, aqui da nossa comunidade. Em todos os setores, do direito na agricultura, na administração na saúde, eles estão fazendo a diferença para todos nós.

Nesta véspera da virada de ano quero cumprimentar esses cidadãos ativos que estão potencializando ações que beneficiam os interesses coletivos. Não precisamos citar nomes...

Espumante nacional



No último canto da consciência, bem lá no fundo, sou tangenciado pela ideia que este mês de dezembro deve apresentar suas invisibilidades, suas distâncias temporais, suas palavras sonoras para além da catedral. Não faz parte do meu cotidiano ler poesia, mas caminhando no centro da cidade, ao deparar-me com aqueles rostos de bronze, e seus dizeres para além do espaço/tempo, que até parecia meio fora do lugar, ali bem no meio da rua, fui arrancado da rotina para subverter as leis da natureza e ler um pouco de poesia. O mundo realmente dá muitas voltas.
Talvez, seja uma estranha forma de bairrismo, mas trago neste inicio de dezembro, a poesia do conterrâneo Caio Fernando Abreu.

Alento
Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.
E numa louca corrida
entregarei meu ser
ao ser do Tempo
e a minha voz
à doce voz do vento.
Despojado do que já não há
solto no vazio
do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera
pelo que há de vir.

Este filho ilustre da nossa Santiago, deve estar dando um sorriso maroto e conspirador, aquele que seus contemporâneos afirmam o transformar em um rebelde do seu tempo. Que nas festas deste mês, brindemos aqueles que dão suas caras a tapas, fazendo o melhor por Santiago... mesmo que seja com espumante nacional...

Asilo de idosos



                     
                      

Vem comigo! Domingo à tarde, dia de visitas no lar dos idosos. Eles sempre estão sentados envoltos de sol. É preciso respirar fundo algumas vezes, pois o coração entra em disparada, ao observar os homens e mulheres que estão em um Asilo. Quais são suas histórias? Onde estão suas famílias? Quais foram ou são seus sonhos? Por que estão ali?
Palavras quase inaudíveis parecem trazer consolo para a gente, mas muito, muito mais, se forem pronunciadas, com carinho e respeito, para aqueles olhares que calmamente inundam nossa vida em uma simples visita.
Como não pensar no tempo? O tempo que tudo transforma, até mesmo seus olhares que mesclam incredulidade e gratidão, uma gratidão pela presença, pelo simples fato de receber atenção. Nada mais nobre.
Cresci junto a Rua do Asilo de Santiago, passando diariamente em sua lateral e, nunca tinha entrado. Aquele espaço parecia nem existir, mas aquele varal de roupas ao sol chamou minha atenção e me fez entrar ali ainda menino. Passei a ver a vida com outros olhos, minha rotina saiu do lugar.
Aqueles olhares mansos e tristes despertaram um paradoxo em minha vida. Alegria e tristeza. O que fazer??? Buscar na alma a sensibilidade e perceber que podemos fazer algo, mesmo por alguns minutos que, muitas vezes, serão derradeiros para aqueles solitários seres humanos que ali estão.
Antônio Vieira já nos deu a lição: “atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera.” É dezembro, um tempo de renovação, de descobrir o invisível e acordar para vida. Qualquer ação pode ser pequena, mas sei que não é insignificante em uma visita a qualquer asilo de idosos...